Monday

aqui não gênio

cheguei a imaginar que o bom é que as coisas fluam, e isso é complexo, porque indica nossa grandeza, sabem? mais do que ter idéia, temos que perdurar um ritmo, um trabalho, uma geração. é aqui que a vida é mais difícil.
quando chegar a hora, eles dizem. quando as coisas mudarem, ela. quando o dinheiro sobrar, nós. mais do que depois, é esperar o agora passar. não adianta ser imediatista nem para ter paciência. tem que ser sempre. entendem?
vejo então um grão e um pedaço de terra. e nada. o que deveria ter? desejar uma árvore é não saber esperá-la, eu sei. mas sei que esperar é viver o hoje, ainda mais impacientemente. ter calma é ser o ambicioso que se permite a um mortal.

-é difícil, deus.
-chore no intervalo, filho, estou aqui.

a concordância é punição, percebem? espero ouvir contrário, quem não esperaria? mas o tempo não responde, faz com que eu o busque, só. eu sei: paciência, ele chega. ou: esquecer, por hora.

não tem problema, pegarei o próximo ônibus para são paulo, o tempo está agradável e o cigarro é bom, apesar de caro. uma garota fica à minha frente mas não conhece o meu passado, não se assemelha a ninguém. pega um ônibus e eu outro, não sei qual, mas é bom esse capítulo. quero ver o que acontece quando ele sair do teatro.

à minha frente, os evangélicos ganham adeptos graças à ignorância em relação ao grego da população viciada - viciada em cocaína ou pinga, não em laranja ou trabalho, isso nunca! - uma das línguas sagradas. não são completamente santos os que não a conhecem! saindo do teatro eu subo na primeira van e, deus, que motorista agradável, exceto por ter apagado a luz enquanto lia sobre anastasia. tudo bem, o caminho é longo e fui eu quem escolhi gastar uma hora e meia a mais para ir para casa. ela vai odiar o presente, a iniciativa mediana, o medo de mim mesmo... embora entenda e seja solidária, o que tenho certeza e exatamente o que torna as coisas piores. cada vez mais eu incapaz e ela dona de tudo. que faça bom gerenciamento de mim. apesar de tudo, ainda estou calmo...

o coitado trabalha doze horas por dia e disse algo sobre um trajeto de duas horas. acho que é isso, por um instante achei que ele dissera cinco. mas acho que realmente são cinco viagens de duas horas. o que não deixa de ser triste, perdendo apenas para quaenta trajetos de quinze minutos. isso sim é massacrante! por isso gostei do sujeito, um homem com ódio de se expôr ao mesmo trajeto a vida inteira em poucos anos. queria ter sido seu filho algum dia, só para trabalhar perto de casa, que fosse. ir de carro ao trabalho para ficar o dia inteiro num ônibus... cada uma que o trabalho assalariado arruma pra gente...

adeus e bom descanso! deixo o veículo pensando que deveria ter feito tudo diferente. colhões, pequeno. colhões. eu aprendo, diz o tempo. mas não sei se quero esperar, é difícil essa coisa de esperar...

0 Comments:

Post a Comment

<< Home