Sunday

solo

em me aventurando a falar de baboseiras como os elementos da natureza e a identificação com eles, eu escolheria a terra. sinto uma identificação com tudo o que se refere a ela. tudo em relação a uma poeira natural, a uma demonstração do mais concreto e comum amontoado de matéria que as civilizações colecionaram gratuitamente. às pegadas de ancestrais, ao sofrimento que escorre pelas suas pernas em forma de lágrimas, fezes ou suor. o que alcançamos, conquistamos, tomamos como nosso. do resto somos escravos. dependemos de uma verdadeira atitude de boa vontade dos deuses para convivermos em tranqüilidade com nosso próprio organismo. em contra-partida, sinto que sou um pouco a terra. sinto que sou um pouco lama e pedra. não ar e distração. não fogo e destruição. nem água e inalcance. sou eterno. sou pai e filho. sou aqui e lá. sou agora e depois, sob defuntos ou não.
ao andar, quero ver-me em todo canto. quero encravar no meu peito a cruz de cristo e estar acima dele mil anos depois. quero engolir minas terrestres e atenuar seu poderio de fogo sob meus braços. salvar o oriente com minhas entranhas, fazendo meus órgãos se abrirem separando os núcleos de nações intransigentes. vou estender os oceanos acima dos meus olhos e respirar através dos vulcões no taiti. quando cansar, me levanto em qualquer parte do japão e descanso sob a savana da áfrica. sempre limpo e seco. a maior parte de tempo emocionado, represento o total ante o resto da galáxia. a vida de verdade. a comunhão entre a fauna e a flora dentro do meu estômago. tudo, a bem dizer.